segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Férias numa ilha Grega


Férias numa ilha paradisíaca...um sonho.

Um sonho numa ilha paradisíaca:
(imaginem aquela margem branca contornando o quadro e as vozes com eco, se não não tem graça!)

“– Uma das numerosas coisas do céu e da terra com que não sonharam aqueles filósofos é isto – e agitou a mão -; nós o mundo moderno. ‘Só se pode ser independente de Deus enquanto se tem juventude e prosperidade; a independência não nos levará até o fim em segurança.’ Pois bem, agora nós temos juventude e prosperidade até o fim. O que resulta daí? Evidentemente, que podemos prescindir de Deus. ‘O sentimento religioso nos compensará de todas as nossas perdas.’ Mas não há, para nós, perdas a serem compensadas; o sentimento religioso é supérfluo. E por que iríamos em busca de um sucedâneo dos desejos infantis, se esses desejos nunca nos faltam? De um sucedâneo das distrações, quando continuamos desfrutando de todas as velhas tolices até o fim? Que necessidade temos de repouso, quando nosso corpo e nosso espírito continuam deleitando-se na atividade? De consolo, quando temos o soma? De alguma coisa imutável, quando temos a ordem social?
- Então o senhor acha que não existe um Deus?
- Ao contrário, penso que muito provavelmente existe.
- Então por que...?
Mustafá Mond atalhou-o.
- Mas ele se manifesta de modo diferente a homens diferentes. Nos tempos pré-modernos, manifestava-se como o ser descrito nesses livros. Agora ...
- Como se manifesta ele agora? – perguntou o Selvagem.
- Bem, ele se manifesta como uma ausência; como se absolutamente não existisse.
- A culpa é sua.
- Diga, antes, que a culpa é da civilização. Deus não é compatível com as máquinas, a medicina científica e a felicidade universal. É preciso escolher. Nossa civilização escolheu as máquinas, a medicina e a felicidade.”

Aldous Huxley. Admirável Mundo Novo. 1932

A ilha: Patmos, Grécia.

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